27 de maio de 2011

A luz que ilumina meus dias tem nome.

Faz chuva lá fora. Lembro-me da minha vó o tempo todo, todos os dias, mas hoje... Poxa vibe, hoje estou com uma saudade doída da minha velha! Minha vó preferia os dias de chuva lá no quintal- eram dias de paz na casa. Eu e meus primos deixávamos de ser índios e não passávamos o dia no pé de manga. Conversando com meu amigo Dudu contei os vocabulários da dona Alcídia.


Era novembro em Itaperuna. Quase férias. "Juro por essa luz que ilumina o dia", que o pé de manga era mesmo nossa melhor e preferida opção. Antes disso era brincar de pique-bandeira na rua, com os vizinhos, mas vovó vinha logo chamar pro café do tarde: "Hein, vão ficar aí até que horas?"- Percebam que sim, tenho heranças das falas da minha véia. Sei que com 14, 15 anos, já tinha passado da idade de brincar na rua e subir em pé de fruta, mas foi minha infância demorada, ué! Vou contar então que tive meu primeiro namorado aí, nessa época- Minha vó ficava putadavida e falava assim: "Camilla, minha filha. Vê se cria modos! O rapaz chega aqui e você igual um "MULEQUE MACHO." Ah, cria modos, Camilla!" Alcídia Guilhermina tinha vergonha, porque sua querida neta ficava toda suja de terra. Vamos lá: O rapaz, moleque macho e cria modos. Tudo numa frase só! Tem como não amar minha bisa?

Eu descia cuspindo fogo, tomava meu banho e ia namorar. Depois minha vó chamava o João da carroça, mais conhecido como vozão e falava assim: "Jão, espia só. Você precisa conversar mais com o ouro ( meu vô me chamava de ouro).
vovô: Ouro aprontou o que, Alcidinha?
- Uai, não sai do pé de manga. Chega em casa, almoça, faz o que tem de fazer da escola e depois bate bola feito moleque na rua.
Meu avô sábio demais: Alcidinha, o ouro está de namorado. Outro dia até conversei com o cabra lá em cima. Camilla já ajuda a mãe dela. Daqui a pouco ela para de 'bater bola' na rua.
- Vai vendo, vai saindo! Você tem que falar com ela mesmo assim. Falar que ela já é menina- moça. Eu falo, mas olha lá, olha. Adianta nada, não!

Depois que o vô faleceu, minha velha sempre muito ativa e decidida veio com uma história de construir um viveiro no lugar do pé de manga. Acho que ela ficou com medo da minha síndrome de peter pan nunca acabar. Juro que minha vó pergunta se eu conheço meus vizinhos aqui em Niterói e se jogo bola com eles. Quer dizer, se eu bato bola com eles. Até eu explicar que sim, que as pessoas fazem isso... Só que na praia. Ah, meu irmão, até eu explicar isso... Espia só, vai dar muito trabalho! Afinal, já tenho 20 anos e mais do que nunca preciso criar modos.
Ir pra casa é um sentimento de felicidade tão grande, tão grande. Tudo o que eu preciso tem lá. E o pé de manga continua no mesmo lugar. Já o pé de goiaba... Fiquei gordinha demais pra subir. E não é que ela fez o tal viveiro. Rs, como diz a linda da vóvi,

"Até MAIS VER".

Um comentário:

Vai dar o seu "pitaco?" =P