28 de janeiro de 2011

Duas décadas.




Caraca... Parece que foi ontem a minha primeira pior e melhor nota no ensino fundamental, a primeira vez que andei de bicicleta, que toquei piano, que brinquei na rua. O primeiro assunto sério com meu pai: garotos. (e sei que meu pai lá do céu comemora não só este dia, mas todos os meus dias), meu primeiro amor, meu primeiro beijo, minha primeira melhor amiga, minha primeira alegria, minha primeira tristeza. Enfim, o tempo passa bem rápido, né? Tudo, tudo tem um significado enorme e a gente quase nunca para pra pensar nisso - Nas primeiras vezes de várias coisas que acontecem na nossa vida. Eu não gosto (muito) de aniversários. Não sei, não tenho um motivo importante, justo. Só não gosto tanto quanto os meus amigos que já ligaram me convidando para a “grande festa” que vai ter na minha casa. Sim, fui convidada!
Minha primeira surpresa de hoje foi minha mãe (minha amiga fiel), ter vindo de Belo Horizonte para ser a primeira a me abraçar e a segunda, foi a linda da minha vó, que sempre me faz chorar com as palavras que diz. Eu não espero presentes... É isso que eu quero dizer, mas eu busco toda fé que existe no meu interior, e peço a Deus que tire de mim todo medo e toda culpa de sentir prazer. Que exista uma fase duradoura na minha vida em que eu possa criar e recriar a vida à minha imagem. Peço pra Ele me ajudar a vestir todas as cores, experimentar todos os sabores. Entregar-me a todos os amores, sem preconceitos. Sem pudor até. Peço entusiasmo, coragem e disposição para sempre tentar algo novo e de novo, e de novo e quantas vezes for preciso. Quero fazer planos e ter energia o suficiente para realizá-los. Quero me encantar cada vez mais com a vida e viver apaixonadamente. Quero ser feliz. Mais feliz! É isso que eu quero de 20 anos. Quero a chance de fazer novos amigos, cultivar os queridos, ajudar mais pessoas, aprender e ensinar novas lições, vivenciar outras dores e suportar velhos problemas. Sorrir novos motivos e chorar outros. É.. talvez eu goste de aniversários. Hahaha. Parabéns pra mim!

27 de janeiro de 2011

Onde é o seu mundo?


   A hora do almoço na cada da vovó é sempre carnaval. Na verdade, a alegria que sentimos quando estamos reunidos é carnaval. Hoje a sobremesa foi rever várias fotos. Vimos fotos dos meus primeiros passos, das tardes de vídeo-game dos meus primos, dos casamentos das minhas tias, da barriga imensa da minha mãe quando grávida, das reuniões de família quando o vovô era vivo (nosso anjinho), os aniversários com todos os vizinhos presentes comendo pipoca, algodão doce, brigadeiro. Fotos da minha formatura do jardim de infância, e das tardes de café com pão.
  As fotos param o tempo. Já pensou nisso? Elas eternizam momentos que nunca mais vamos esquecer. O que ficou nas nossas fotografias foi a certeza de que sempre seremos família. Sempre seremos apaixonados um pelo outro. Quando eu fui embora pra Niterói acreditava encontrar um MUNDO, sabe? Realmente encontrei coisas que me conquistaram, mas quer saber? Aqui é o meu mundo. Minha família reunida depois do almoço rindo e chorando com as fotos é um mundo muito feliz. Olhar minha vó realizada é o mundo pra mim. Saber que ainda terei vários momentos olhando fotografias deles, com eles e com meus amigos - já que alguns fazem parte da minha família, é o mundo pra mim. Meu mundo está aqui! Na felicidade dos meus, no sorriso deles, na história que escrevemos juntos.

26 de janeiro de 2011

Vai além.

Para que serve um amigo? Para rachar a gasolina, emprestar a prancha, recomendar um disco, dar carona pra festa, passar cola, caminhar no shopping, segurar a barra. Todas as alternativas estão corretas, porém isso não basta para guardar um amigo do lado esquerdo do peito.
Milan Kundera, escritor tcheco, escreveu em seu último livro, "A Identidade", que a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. Vai além: diz que toda amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos. Verdade verdadeira. Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo contruído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridos numa chuva de verão. Veremos!
Um amigo não racha apenas a gasolina: racha lembranças, crises de choro, experiências. Racha a culpa, racha segredos. Um amigo não empresta apenas a prancha. Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta. Um amigo não recomenda apenas um disco. Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país. Um amigo não dá carona apenas pra festa. Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu.Um amigo não passa apenas cola. Passa contigo um aperto, passa junto o reveillon. Um amigo não caminha apenas no shopping. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado. Um amigo não segura a barra, apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador. Duas dúzias de amigos assim ninguém tem. Se tiver um, amém.