Existem pessoas na nossa vida que são fundamentais. São tão fundamentais, mas tão fundamentais que não conseguimos mais dizer um nome sem também lembrar o nome delas. Identificamos os verdadeiros amigos nos momentos de muita alegria ou de muita tristeza. Estes dois extremos são capazes de revelar; mostrar quem amamos de verdade.
Quando estamos alegres não abrimos mão daquelas pessoas que são essenciais, que gostaríamos que estivessem ao nosso lado, vendo o que estamos vendo e vivendo... E quando estamos tristes sabemos (bem) quais são as pessoas que vão segurar nossa mão. Nós sabemos quem o nosso coração deseja que segure nossa mão. Aí você verifica os seus verdadeiros amigos. As suas pessoas! Agora, por que uns ficam e outros, não? Mistério! Como dói ver que um amigo acabou virando uma pessoa estranha. Não sei dizer porque fiquei amiga de alguém... Talvez àquela pessoa tenha tido uma sensibilidade maior que os outros não tiveram. Algumas pessoas nos olham de um jeito mais aperfeiçoado, têm mais paciência com a gente, mais calma. Algumas pessoas vão ficar pro resto da vida nas nossas vidas. Algumas pessoas transformam nossas misérias em vida e nossa vida, em alegria.
Algumas pessoas possuem o dom de nos apresentar o céu, deixam o nosso caminho bem mais largo, tirando da nossa mente os pensamentos negativos e maus...Nos fazem ver além! E realmente, transformam misérias, em vida. Já está tarde, estou cansada "pácaramba". Foi um dia bem corrido e cheio, mas quero agradecer aos meus amigos verdadeiros- minhas pessoas fundamentais pelo olhar mais aperfeiçoado que eu ganhei e ganho sempre. É muito bom saber que não estamos sozinhos, que vamos ter alguém com quem contar - em qualquer situação da vida. É muito bom saber que mesmo com tantos defeitos e tantas falhas existem pessoas que amam você e que compartilham os dias, as horas, o tempo e até a saudade com você. Pessoas que compartilham risos, alegrias, lágrimas, amizade!
Eu não saberia ser uma pessoa melhor, aliás, não teria esse desejo, se não fossem as pessoas essenciais que fazem parte da minha vida.
"O coração de um verdadeiro amigo é como a terra. Uma terra fértil! O homem passa a vida inteira agredindo a terra, e quando ele morre, essa mesma terra acolhe o corpo do homem. A acolhida dela é tão concreta que ela permite que ele se torne pó como ela, assim como a morte era só morte até encontrar a cruz. A partir do momento que a morte encontrou a cruz, se transformou em vida."
o coração de um amigo é terra santa, que recebe as nossas misérias e as transformam em vida. Quando a minha miséria se encontrou com a terra fértil e santa do coração de vocês, vida brotou!
Obrigada.
25 de agosto de 2011
8 de agosto de 2011
“Não ir mais para Pasárgada”- Lya Luft
Eu já estava de malas prontas: ia pra Pasárgada— para quem não recorda,ou nunca soube ,é o reino feliz inventado por Manuel,o Bandeira,onde ele iria dormir com a mulher escolhida, na cama do rei.
Bandeira, o nosso, foi um poeta maravilhoso. (Gosto dessa palavra embora ande tão banalizada. Se a gente olhar ou escutar direito,ela ainda diz alguma coisa —e é boa,e forte.)
Lá não tem noticia ruim, desgraça, acidentes, politicagem nem deslealdade. Lá crianças não comem lixo. Lá não existe homofobia, nem declarada nem sutil, lá não se precisa ser competente nem brilhante, ou atleta sexual, ter os melhores cartões de credito, o carro mais potente, o apartamento em Londres ou Paris.
Lá também nao há instituições,e se houvesse,funcionariam.
Lá basta ser gente.
Para lá eu quis escapar deste reino das frases infelizes e atitudes grotescas, dos reis feios e nus, das explicações cabotinas, da falta de providências e de autoridade, da euforia apoteótica de um lado, e da realidade tão diferente de outro. Do que nos ronda insuspeitado ou faz caretas na nossa janela, e a gente nao acredita, nem se mexe, se ficarmos quietos o fantasma desaparece e o diabinho recolhe o rabão.
Eu ia embora porque enjoei da repetição obsessiva de fatos que provocam insônia no noticioso da noite e náusea no café da manhã. Ia partir sem endereço, sem telefone, sem email. Levaria comigo pássaros, crianças, e esta paisagem diante da minha janela (com nevoeiro, porque aí é de uma beleza pungente).
Levaria familia, amigos, livros, música e o homem amado.
Na minha nova e mágica terra eu tentaria não escrever mais sobre o que por estas bandas tem me angustiado ou ameaça transformar-se num tédio: sempre os mesmos assuntos? Só mencionaria o que faz a vida valer a pena: as coisas humanas, bons relacionamentos, escolhas positivas, alegria, vida e morte, e o mistério de tudo.
Talvez escrevesse sobre a dor (mas uma dor decente).
Sobre grandes ou pequenas vitórias, como quem deixou de beber ou de se drogar, quem teve coragem de ter um filho, quem sentiu a glória de se apaixonar com mais de sessenta anos, quem conseguiu abraçar um pai, um filho, a mãe que estava afastada.
Nem problema de transporte eu teria: para Pasárgada se viaja com o pensamento. Ainda bem, pois de avião estava sendo loucura e risco —- ainda outro dia vi num aeroporto um simples pai de familia com uma criança nos braços e outra dormindo no banco a seu lado, que, estava lá há quase 24 horas, e, entrevistado sobre aquele desconforto, respondeu: “A casa já caiu, temos de nos conformar “.
Pois eu acho que nem precisamos nos mudar de estado ou país, nem devemos nos conformar. Resignar se é ajudar a implantar o caos e a negligencia generalizada; a passividade é uma dessas alegrias falsas, que a gente devia questionar. Roubaram meu carro, não minha vida; mataram meu amigo, não a familia toda: por trás desses comentarios, que não inventei, espreita uma resignação maligna, que colabora com o mal que nos fazem.
É para rir ou para chorar? Ora rimos,ora choramos, esse é o novo jeito de ser.
Não em Pasárgada.
Para onde eu também levaria as minhas velhas crenças de que não somos totalmente omissos ou sem caráter, portanto este mundo tem jeito—embora às vezes eu não tenha muita fé nisso.
Uma dessas crenças é que a gente pode,sim,ser feliz. A gente pode até se vingar de toda a chatice, a grossura, a crueldade e angustia,—sendo feliz.
Lembro a história da filha adolescente de um amigo, que, rejeitada pelo namorado, passou uns dias em profunda tristeza, mas de repente apareceu na sala, perfumada, olhos brilhantes, pronta para sair. O pai interroga: Ué, filha, voltou com seu namorado? Resposta de inesquecível sabedoria: Não, pai,eu vou me vingar sendo feliz.
“Feliz?” dirão os céticos, os cínicos ou os simplesmente realistas. Pessoas mais graves e sensatas do que eu.
Quero explicar: é as vezes só um relance, uma sensação de estar em razoável harmonia consigo, os outros, o mundo.Pode ser aquela música escutada sem saber de onde veio, a chuva que cai depois do trovão. Pode ser o trovão. Pode ser a pele incrivelmente doce de uma criança, uma voz amada nos chamando, o filho que nos telefona sem maior motivo do que saber como a gente vai, alguém conhecido na rua que nos abre um sorriso.
Poder dar o pão e o leite para os meninos, botar flores na mesa, trazer um perfume novo para a mulher, preparar um prato especial para o marido.
Curtir a natureza e saborear a arte, atender aos necessitados, preparar crianças e jovens para a vida, cultivar gentileza e carinho na família, olhar para dentro de si mesmo e escutar seus desejos e sonhos, e respeitar seus limites, tudo isso é um bom começo.
Talvez seja uma saída. Não podemos mudar o mundo, mas podemos mudar nossa postura nele.
É trabalho de formiguinha, eu sei: abrir-se para o que existe de positivo. Pois a gente pode descobrir ou inventar as coisas positivas, ainda que em alguns lugares, com algumas pessoas, ou escondidas em nós, para usar algumas vezes. Uma pequena Pasárgada em cada um.
Nossa liberdade, aqui onde nao é Pasárgada, é obrigação de escolher: abro os olhos, não abro? Como essa comida, não como? Saio de casa, não saio? Vou no meu carro, ou, por causa da segurança, chamo um taxi? Telefono, fico calada, mando um email ou risco da lista de meus endereços? (O coração sempre foi meu pior conselheiro.)
Sou boa sou má, sou verdadeira sou desonesta, sou lúcida sou louca, cresço ou permaneço, amo ou abandono, ajudo ou torturo—–e assim, com o leque das possibilidades, me foi dado o tormento das opções. Digo sim ou digo nao,ou simplesmente fujo — quem sabe para essa terra perfeita que Bandeira inventou?
Mas na última hora decidi ficar.
Pois, fugindo, eu me sentiria como quem deserta (...)
Vou me vingar da chatice, da violência, das traições, da burocracia e da corrupção instalada, sendo feliz aqui.
E quando tudo me aborrecer de verdade, quando eu ficar cansada de minhas neuroses e manias, quando as pessoas estiverem demais distraídas, a paisagem perder a graça, a mediocridade instalar seu reinado e anunciarem o coroamento da burrice, —vou espiar o letreiro que fala de uma riqueza disponível para qualquer um, e que botei como descanso de tela no meu eternamente ligado computador: Escute a canção da vida.
Bandeira, o nosso, foi um poeta maravilhoso. (Gosto dessa palavra embora ande tão banalizada. Se a gente olhar ou escutar direito,ela ainda diz alguma coisa —e é boa,e forte.)
Lá não tem noticia ruim, desgraça, acidentes, politicagem nem deslealdade. Lá crianças não comem lixo. Lá não existe homofobia, nem declarada nem sutil, lá não se precisa ser competente nem brilhante, ou atleta sexual, ter os melhores cartões de credito, o carro mais potente, o apartamento em Londres ou Paris.
Lá também nao há instituições,e se houvesse,funcionariam.
Lá basta ser gente.
Para lá eu quis escapar deste reino das frases infelizes e atitudes grotescas, dos reis feios e nus, das explicações cabotinas, da falta de providências e de autoridade, da euforia apoteótica de um lado, e da realidade tão diferente de outro. Do que nos ronda insuspeitado ou faz caretas na nossa janela, e a gente nao acredita, nem se mexe, se ficarmos quietos o fantasma desaparece e o diabinho recolhe o rabão.
Eu ia embora porque enjoei da repetição obsessiva de fatos que provocam insônia no noticioso da noite e náusea no café da manhã. Ia partir sem endereço, sem telefone, sem email. Levaria comigo pássaros, crianças, e esta paisagem diante da minha janela (com nevoeiro, porque aí é de uma beleza pungente).
Levaria familia, amigos, livros, música e o homem amado.
Na minha nova e mágica terra eu tentaria não escrever mais sobre o que por estas bandas tem me angustiado ou ameaça transformar-se num tédio: sempre os mesmos assuntos? Só mencionaria o que faz a vida valer a pena: as coisas humanas, bons relacionamentos, escolhas positivas, alegria, vida e morte, e o mistério de tudo.
Talvez escrevesse sobre a dor (mas uma dor decente).
Sobre grandes ou pequenas vitórias, como quem deixou de beber ou de se drogar, quem teve coragem de ter um filho, quem sentiu a glória de se apaixonar com mais de sessenta anos, quem conseguiu abraçar um pai, um filho, a mãe que estava afastada.
Nem problema de transporte eu teria: para Pasárgada se viaja com o pensamento. Ainda bem, pois de avião estava sendo loucura e risco —- ainda outro dia vi num aeroporto um simples pai de familia com uma criança nos braços e outra dormindo no banco a seu lado, que, estava lá há quase 24 horas, e, entrevistado sobre aquele desconforto, respondeu: “A casa já caiu, temos de nos conformar “.
Pois eu acho que nem precisamos nos mudar de estado ou país, nem devemos nos conformar. Resignar se é ajudar a implantar o caos e a negligencia generalizada; a passividade é uma dessas alegrias falsas, que a gente devia questionar. Roubaram meu carro, não minha vida; mataram meu amigo, não a familia toda: por trás desses comentarios, que não inventei, espreita uma resignação maligna, que colabora com o mal que nos fazem.
É para rir ou para chorar? Ora rimos,ora choramos, esse é o novo jeito de ser.
Não em Pasárgada.
Para onde eu também levaria as minhas velhas crenças de que não somos totalmente omissos ou sem caráter, portanto este mundo tem jeito—embora às vezes eu não tenha muita fé nisso.
Uma dessas crenças é que a gente pode,sim,ser feliz. A gente pode até se vingar de toda a chatice, a grossura, a crueldade e angustia,—sendo feliz.
Lembro a história da filha adolescente de um amigo, que, rejeitada pelo namorado, passou uns dias em profunda tristeza, mas de repente apareceu na sala, perfumada, olhos brilhantes, pronta para sair. O pai interroga: Ué, filha, voltou com seu namorado? Resposta de inesquecível sabedoria: Não, pai,eu vou me vingar sendo feliz.
“Feliz?” dirão os céticos, os cínicos ou os simplesmente realistas. Pessoas mais graves e sensatas do que eu.
Quero explicar: é as vezes só um relance, uma sensação de estar em razoável harmonia consigo, os outros, o mundo.Pode ser aquela música escutada sem saber de onde veio, a chuva que cai depois do trovão. Pode ser o trovão. Pode ser a pele incrivelmente doce de uma criança, uma voz amada nos chamando, o filho que nos telefona sem maior motivo do que saber como a gente vai, alguém conhecido na rua que nos abre um sorriso.
Poder dar o pão e o leite para os meninos, botar flores na mesa, trazer um perfume novo para a mulher, preparar um prato especial para o marido.
Curtir a natureza e saborear a arte, atender aos necessitados, preparar crianças e jovens para a vida, cultivar gentileza e carinho na família, olhar para dentro de si mesmo e escutar seus desejos e sonhos, e respeitar seus limites, tudo isso é um bom começo.
Talvez seja uma saída. Não podemos mudar o mundo, mas podemos mudar nossa postura nele.
É trabalho de formiguinha, eu sei: abrir-se para o que existe de positivo. Pois a gente pode descobrir ou inventar as coisas positivas, ainda que em alguns lugares, com algumas pessoas, ou escondidas em nós, para usar algumas vezes. Uma pequena Pasárgada em cada um.
Nossa liberdade, aqui onde nao é Pasárgada, é obrigação de escolher: abro os olhos, não abro? Como essa comida, não como? Saio de casa, não saio? Vou no meu carro, ou, por causa da segurança, chamo um taxi? Telefono, fico calada, mando um email ou risco da lista de meus endereços? (O coração sempre foi meu pior conselheiro.)
Sou boa sou má, sou verdadeira sou desonesta, sou lúcida sou louca, cresço ou permaneço, amo ou abandono, ajudo ou torturo—–e assim, com o leque das possibilidades, me foi dado o tormento das opções. Digo sim ou digo nao,ou simplesmente fujo — quem sabe para essa terra perfeita que Bandeira inventou?
Mas na última hora decidi ficar.
Pois, fugindo, eu me sentiria como quem deserta (...)
Vou me vingar da chatice, da violência, das traições, da burocracia e da corrupção instalada, sendo feliz aqui.
E quando tudo me aborrecer de verdade, quando eu ficar cansada de minhas neuroses e manias, quando as pessoas estiverem demais distraídas, a paisagem perder a graça, a mediocridade instalar seu reinado e anunciarem o coroamento da burrice, —vou espiar o letreiro que fala de uma riqueza disponível para qualquer um, e que botei como descanso de tela no meu eternamente ligado computador: Escute a canção da vida.
2 de junho de 2011
Você tem fome de quê?
Café, leite, pão e queijo. Teve empadinha também. Hoje tomei um café gostoso com as meninas. Hein, um breve comentário; Isis arrumou o quarto antes de ir pra faculdade. Juro! Às SEIS da manhã. Quem, em condições normais de pressão e temperatura arruma o quarto às seis da manhã? Pronto, comentei! Cíntia não viajou até o fundão e Lívia já havia partido para a longa viagem até lá. Enfim, nós três. Foi um café rápido, com uma conversa dali, uma pergunta daqui e umas risadas, porque não pode faltar, mas foi corrido. Pão, queijo, café e leite... Isso nós temos no prato, é fonte de energia que nos faz levantar de manhã e sair para trabalhar ou estudar, correr... Sei lá. Tanta gente faz tanta coisa de manhã. Tanta gente faz nada! Nossa meta primeira é a sobrevivência do corpo. Só que ando pensando... E o alimento da minha alma?
Ontem, no meio da tarde, senti uma fome que me deixou melancólica, rs. Dei conta de que estava indo pouco ao cinema no meio da semana, que tenho me preocupado muito, ficado com medo dos dias curtos. Que tenho estudado muito e que várias vezes minha concentração é egoísta, sabe? Fica focada na matéria, não quer dispersar-se por nada. Fico tensa! Reparei que tenho conversado pouco com algumas pessoas, e senti uma vontade enorme de viajar. A geladeira aqui de casa, afortunadamente, está cheia, e ando até um pouco acima do meu peso ideal, mas me senti desnutrida. Senti vontade de me alimentar!
As revistas, os jornais, tio Bonner e tia Fátima, Twitter e até o facebook , isso tudo nos informa e nos situa no mundo, mas não sacia. A informação entra dentro da casa da gente em doses cavalares e nos encontra passivos, a gente apenas seleciona o que nos interessa e despreza o resto, e nem levantamos da cadeira neste processo. Para alimentar a alma, é obrigatório sair de casa. Sair à caça!
Se não há silêncio perto de mim, quero procurá-lo onde ele se esconde e pegar uma estradinha de terra batida, visitar um sítio, uma cachoeira, ou ir pra beira da praia. O litoral também é bonito nesta época, estou com saudade de Cabo Frio, da tia Lú, do Matheus. Aliás, estou com saudade de tanta gente, meu Deus...
Quero procurar o afeto, procurar aqueles que gostam de verdade de mim. Tirar férias de rancores e mágoas, abraçar forte, sorrir, permitir que me procurem.
Procurar a liberdade que anda tão rara, liberdade de pensamento, de atitudes, ir ao encontro de tudo que não tem regras. Caçar o amanhã, o novo, o que ainda não foi contaminado por críticas, modismos, conceitos, procurar o que é surpreendente, o que possa se expandir na minha frente, o que possa me provocar prazer de olhar, sentir. Quero olhar pra Niterói com olhos de estrangeira, como se eu fosse uma turista. Quero abrir portas!
Arroz, feijão e bife. Pão, queijo, leite, e uma empada pra quem gosta do pecado logo pela manhã como a feia da Cíntia, rs - que de feia não tem nada... Isso nos mantém de pé, mas não acaba com nosso cansaço diante de uma vida que, se nos descuidarmos, torna-se repetitiva, monótona, entediante. Quero engordar no lugar certo. O ritmo dos dias é tão intenso que às vezes não me alimento direito. Esqueço. Que eu entupa minha alma de calorias! Yeah!
Ontem, no meio da tarde, senti uma fome que me deixou melancólica, rs. Dei conta de que estava indo pouco ao cinema no meio da semana, que tenho me preocupado muito, ficado com medo dos dias curtos. Que tenho estudado muito e que várias vezes minha concentração é egoísta, sabe? Fica focada na matéria, não quer dispersar-se por nada. Fico tensa! Reparei que tenho conversado pouco com algumas pessoas, e senti uma vontade enorme de viajar. A geladeira aqui de casa, afortunadamente, está cheia, e ando até um pouco acima do meu peso ideal, mas me senti desnutrida. Senti vontade de me alimentar!
As revistas, os jornais, tio Bonner e tia Fátima, Twitter e até o facebook , isso tudo nos informa e nos situa no mundo, mas não sacia. A informação entra dentro da casa da gente em doses cavalares e nos encontra passivos, a gente apenas seleciona o que nos interessa e despreza o resto, e nem levantamos da cadeira neste processo. Para alimentar a alma, é obrigatório sair de casa. Sair à caça!
Se não há silêncio perto de mim, quero procurá-lo onde ele se esconde e pegar uma estradinha de terra batida, visitar um sítio, uma cachoeira, ou ir pra beira da praia. O litoral também é bonito nesta época, estou com saudade de Cabo Frio, da tia Lú, do Matheus. Aliás, estou com saudade de tanta gente, meu Deus...
Quero procurar o afeto, procurar aqueles que gostam de verdade de mim. Tirar férias de rancores e mágoas, abraçar forte, sorrir, permitir que me procurem.
Procurar a liberdade que anda tão rara, liberdade de pensamento, de atitudes, ir ao encontro de tudo que não tem regras. Caçar o amanhã, o novo, o que ainda não foi contaminado por críticas, modismos, conceitos, procurar o que é surpreendente, o que possa se expandir na minha frente, o que possa me provocar prazer de olhar, sentir. Quero olhar pra Niterói com olhos de estrangeira, como se eu fosse uma turista. Quero abrir portas!
Arroz, feijão e bife. Pão, queijo, leite, e uma empada pra quem gosta do pecado logo pela manhã como a feia da Cíntia, rs - que de feia não tem nada... Isso nos mantém de pé, mas não acaba com nosso cansaço diante de uma vida que, se nos descuidarmos, torna-se repetitiva, monótona, entediante. Quero engordar no lugar certo. O ritmo dos dias é tão intenso que às vezes não me alimento direito. Esqueço. Que eu entupa minha alma de calorias! Yeah!
27 de maio de 2011
A luz que ilumina meus dias tem nome.
Faz chuva lá fora. Lembro-me da minha vó o tempo todo, todos os dias, mas hoje... Poxa vibe, hoje estou com uma saudade doída da minha velha! Minha vó preferia os dias de chuva lá no quintal- eram dias de paz na casa. Eu e meus primos deixávamos de ser índios e não passávamos o dia no pé de manga. Conversando com meu amigo Dudu contei os vocabulários da dona Alcídia.
Era novembro em Itaperuna. Quase férias. "Juro por essa luz que ilumina o dia", que o pé de manga era mesmo nossa melhor e preferida opção. Antes disso era brincar de pique-bandeira na rua, com os vizinhos, mas vovó vinha logo chamar pro café do tarde: "Hein, vão ficar aí até que horas?"- Percebam que sim, tenho heranças das falas da minha véia. Sei que com 14, 15 anos, já tinha passado da idade de brincar na rua e subir em pé de fruta, mas foi minha infância demorada, ué! Vou contar então que tive meu primeiro namorado aí, nessa época- Minha vó ficava putadavida e falava assim: "Camilla, minha filha. Vê se cria modos! O rapaz chega aqui e você igual um "MULEQUE MACHO." Ah, cria modos, Camilla!" Alcídia Guilhermina tinha vergonha, porque sua querida neta ficava toda suja de terra. Vamos lá: O rapaz, moleque macho e cria modos. Tudo numa frase só! Tem como não amar minha bisa?
Eu descia cuspindo fogo, tomava meu banho e ia namorar. Depois minha vó chamava o João da carroça, mais conhecido como vozão e falava assim: "Jão, espia só. Você precisa conversar mais com o ouro ( meu vô me chamava de ouro).
vovô: Ouro aprontou o que, Alcidinha?
- Uai, não sai do pé de manga. Chega em casa, almoça, faz o que tem de fazer da escola e depois bate bola feito moleque na rua.
Meu avô sábio demais: Alcidinha, o ouro está de namorado. Outro dia até conversei com o cabra lá em cima. Camilla já ajuda a mãe dela. Daqui a pouco ela para de 'bater bola' na rua.
- Vai vendo, vai saindo! Você tem que falar com ela mesmo assim. Falar que ela já é menina- moça. Eu falo, mas olha lá, olha. Adianta nada, não!
Depois que o vô faleceu, minha velha sempre muito ativa e decidida veio com uma história de construir um viveiro no lugar do pé de manga. Acho que ela ficou com medo da minha síndrome de peter pan nunca acabar. Juro que minha vó pergunta se eu conheço meus vizinhos aqui em Niterói e se jogo bola com eles. Quer dizer, se eu bato bola com eles. Até eu explicar que sim, que as pessoas fazem isso... Só que na praia. Ah, meu irmão, até eu explicar isso... Espia só, vai dar muito trabalho! Afinal, já tenho 20 anos e mais do que nunca preciso criar modos.
Ir pra casa é um sentimento de felicidade tão grande, tão grande. Tudo o que eu preciso tem lá. E o pé de manga continua no mesmo lugar. Já o pé de goiaba... Fiquei gordinha demais pra subir. E não é que ela fez o tal viveiro. Rs, como diz a linda da vóvi,
"Até MAIS VER".
Era novembro em Itaperuna. Quase férias. "Juro por essa luz que ilumina o dia", que o pé de manga era mesmo nossa melhor e preferida opção. Antes disso era brincar de pique-bandeira na rua, com os vizinhos, mas vovó vinha logo chamar pro café do tarde: "Hein, vão ficar aí até que horas?"- Percebam que sim, tenho heranças das falas da minha véia. Sei que com 14, 15 anos, já tinha passado da idade de brincar na rua e subir em pé de fruta, mas foi minha infância demorada, ué! Vou contar então que tive meu primeiro namorado aí, nessa época- Minha vó ficava putadavida e falava assim: "Camilla, minha filha. Vê se cria modos! O rapaz chega aqui e você igual um "MULEQUE MACHO." Ah, cria modos, Camilla!" Alcídia Guilhermina tinha vergonha, porque sua querida neta ficava toda suja de terra. Vamos lá: O rapaz, moleque macho e cria modos. Tudo numa frase só! Tem como não amar minha bisa?
Eu descia cuspindo fogo, tomava meu banho e ia namorar. Depois minha vó chamava o João da carroça, mais conhecido como vozão e falava assim: "Jão, espia só. Você precisa conversar mais com o ouro ( meu vô me chamava de ouro).
vovô: Ouro aprontou o que, Alcidinha?
- Uai, não sai do pé de manga. Chega em casa, almoça, faz o que tem de fazer da escola e depois bate bola feito moleque na rua.
Meu avô sábio demais: Alcidinha, o ouro está de namorado. Outro dia até conversei com o cabra lá em cima. Camilla já ajuda a mãe dela. Daqui a pouco ela para de 'bater bola' na rua.
- Vai vendo, vai saindo! Você tem que falar com ela mesmo assim. Falar que ela já é menina- moça. Eu falo, mas olha lá, olha. Adianta nada, não!
Depois que o vô faleceu, minha velha sempre muito ativa e decidida veio com uma história de construir um viveiro no lugar do pé de manga. Acho que ela ficou com medo da minha síndrome de peter pan nunca acabar. Juro que minha vó pergunta se eu conheço meus vizinhos aqui em Niterói e se jogo bola com eles. Quer dizer, se eu bato bola com eles. Até eu explicar que sim, que as pessoas fazem isso... Só que na praia. Ah, meu irmão, até eu explicar isso... Espia só, vai dar muito trabalho! Afinal, já tenho 20 anos e mais do que nunca preciso criar modos.
Ir pra casa é um sentimento de felicidade tão grande, tão grande. Tudo o que eu preciso tem lá. E o pé de manga continua no mesmo lugar. Já o pé de goiaba... Fiquei gordinha demais pra subir. E não é que ela fez o tal viveiro. Rs, como diz a linda da vóvi,
"Até MAIS VER".
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